quarta-feira, 15 de maio de 2013

A SAÚDE PRIVADA NO BRASIL

 

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Boa tarde, como estão? Espero e desejo que todos estejam bem, pois se precisar ir ao algum médico, de emergência, vai ter que ter muito mais que a paciência de Jó.

Muito se fala da saúde pública no brasil, essa sem dúvida, é um descaso total. Mas a saúde privada, aquela dos planos de saúde e a particular não está muito melhor, não.

A saúde, no Brasil, está doente.

Na segunda-feira, meu filho teve uma crise de “dor de barriga”, como ele nunca tem dores, não sabe quantificar, e qualquer dor é “muita dor”. Observei um pouco, fiz chazinho, dei buscopan, como não melhorou, as 20:00 fomos ao hospital, referência na região. Saímos de lá as 02h00 da manhã e tendo que retornar as 07h00 para fazer um ultrassom, no período noturno não funciona esse tipo de serviço. Se realmente for uma emergência, o que acontece???Abre a barriga sem fazer a imagem? Ou espera para fazer o exame, quando poderá ser tarde???

 

A médica receitou remédio intravenoso, meu filho nunca tinha tomado, como é no ambulatório, eu não poderia ficar junto. Imagina, acham que um adolescente de 15 anos é adulto, quase tive que sair com meu filho do hospital sem remédio, primeiro porque ele não queria ficar sozinho, depois porque o guarda não queria me deixar ficar junto. Fiquei. A discussão não foi só minha, pois tinha 3 auxiliares da enfermagem para atender uma quantidade imensa de gente, que estava tomando medicação e fazendo inalação. Entre essas pessoas, como é emergência, quase todos estavam passando mal e precisavam de uma pessoa do lado, primeiro pela própria carência que qualquer doença traz, depois pelo cuidado necessário. Teve um moço que desmaiou e não queriam deixar a esposa dele ficar junto. Muitos idosos. Se não é para deixar acompanhante, porque o espaço não comporta, então que tenham trabalhadores da enfermagem suficientes para atender com o mínimo de dignidade de direito. Mas, de qualquer maneira eu não aceito deixar o meu filho sozinho, nem mesmo se fosse meu marido. Principalmente nos dias de hoje, quando vemos tantas coisas equivocadas acontecerem, por culpa, não só da imprudência e neglicência, como do próprio trabalho em excesso e em exaustão máxima.

 

Durante o meu plantão noturno no hospital, vi muita coisas, muitas pessoas estressadas, naturalmente, a própria doença já estressa. Depois o descaso com o atendimento da pessoa, somado ao stress do acompanhante pela correria da vida que levamos. Brigas e discussão de todo tipo. Que lugar de energia negativa é um hospital. E, penso que deveria ser uma lugar de paz, um lugar para a pessoa encontrar conforto na sua hora de dor. Mas como? Na se própria recepção a pessoa (doente) já é mal tratada.

 

Outra coisa que sempre achei errado, desde que tinha meus filhos pequenos é ficar crianças misturadas com adultos e ainda, pessoas com febre junto com outras pessoas. Graças a Deus quando meus filhos eram pequenos eu consegui um pediatra que é um verdadeiro anjo iluminado e abençoado por Deus. Eu tinha o número do telefone até da sogra dele, e qualquer hora, e isso qualquer hora eu poderia chama-lo. Aconteceu algumas vezes. Depois, mudei de cidade e precisei enfrentar pronto atendimento e vi o sofrimento das mães com bebês.

 

Sei que não é fácil a vida de um medico, ele também precisa ter vida privada, mas dos médicos que eu conheço, eles não deixam de atender o consultório, porque estão se divertindo no aconchego do seu lar, muito pelo contrário, está em outro hospital ou pronto atendimento. O stress do trabalho do médico também é enorme. É um tipo de profissão que exige um padrão de vida alto, e para isso ele tem que trabalhar em excesso total. Ainda, acredito que maioria são workholic.

 

Graças a Deus, o meu filho não é nada grave, ainda está em observação, porque o exame de sangue mostrou uma pequena alteração indicando uma provável infecção. Estamos aguardando a evolução, mas como está super bem,  Deus já o deve ter livrado de qualquer mal maior.

 

Uma coisa interessante que vi, foi um casal que chegou no hospital depois das 23:00. Era um homem muito alto, devia ter mais de 2 metros, carregando um bebê em uma cadeirinha dessas de carro, e a mulher de bico andando atrás. Não tinha como não notar, pois eles estavam envolto em uma nuvem preta. Depois de um certo tempo, sentaram do meu lado. E, eu, parei o que estava lendo e comecei a orar por eles. O homem falava para a mulher ir embora, que ela não precisava ficar ali, que depois ele se virava, ia embora de taxi, etc e tal. Que ela só pensava nela, que não via o problema dos outros, que quando era ela com problema, quantas vezes ele a levou não sei onde, mas que aquilo ia acabar. E ela revidava, afirmando que quem não via o problema dos outros, era ele. E o coitadinho do bebê, com os olhinhos lacrimejando, olhava de um lado para o outro. Não consegui captar o real problema, apenas orei para que eles encontrassem Jesus e compreendesse o significado de suas vidas. Antes de ir embora, consegui ver o sorriso do homem, mas a mulher ainda continuava ausente, no mundo dela de revolta. Aonde será que ela estaria melhor, se não era ali, do lado de sua família???

 

Um homem, cujo pai estava tomando soro e iria se internar, estavam desde as 16:00 no hospital, esperando a vaga, que não existia. Surtou. Brigou muito com todo mundo, e deve ter falado muitas besteiras para a medica, pois essa ficou em planto um bom tempo, mesmo depois que eles foram embora. Ele gritava que queria um relatório para retirar o pai do hospital. Não sei para onde foi, fiquei com muita dó da mãe, já bem idosa e no meio daquela situação, impotente, falava: “meu filho tá muito nervoso”.

 

Um outra mãe, ligava de cinco em cinco minutos para a ouvidoria do hospital, dizendo que ia chamar os jornalistas se não atendessem a filha dela, pois também já estavam lá desde o meio da tarde. Tinha apenas dois pediatras atendendo. Como meu filho tem 15 anos, já passa pelo clinico geral.

 

Mas, graças a Deus eu estou aqui escrevendo, pois sei que nesse exato momento, muitas e muitas pessoas estão passando por situações semelhantes ou pior. A população está idosa e doente, é fato que já está tendo mais gente idosa que jovem, portanto, muito mais gente para ser cuidada do que para cuidar. A preparação para isso está sendo muito lenta. Há muito tempo ouço discurso sobre o envelhecimento do país, mas poucas atitudes concretas existem. O que adianta uma leis do idoso, da criança e adolescente sem efetividade????

 

Ensinar o respeito ao ser humano é o que de mais urgente há. O ser humano necessita ser tratado com dignidade (o que adianta ter garantia constitucional?), coisa que é bem complicado de se ver em um pronto socorro. Você consegue ver alguém sorrindo em um hospital? Tirando a dor que há, é necessário o mau humor, o desreipeito, a rispidez, a falta de educação, a voz elevada???

 

Se houvesse respeito não haveria demora em qualquer atendimento.

 

Um dia abençado para todos os que nesse momento se encontra no banco, ou no leito de um hospital. Oremos por eles.

 

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